19 de out. de 2012

As Manteigas de Minas

Quando eu era pequeno morávamos na Avenida Rebouças. Naquele tempo havia vagas para estacionar os carros ao longo do largo canteiro central daquela pacata avenida calçada com paralelepípedos.

O leite Paulista chegava em casa numa carrocinha e era envasado em garrafas de vidro fechadas com uma tampinha de metal. A saudade do gosto dói só de lembrar.


Lembro-me, como se fosse hoje, de minha tia, Vera, fazendo manteiga artesanal em Pinhal, na Fazenda Guatapará. Que delícia!

Tudo naqueles anos tinha gosto de artesanal, inclusive as manteigas industriais que eram excelentes.

Tivemos, no Brasil, uma tradição de manteigas muito boas, nascida pelas mãos dos Azevedo da Região de Andrelândia/MG.

Manteiga Veado

Desde o século 19, existem, na região, duas facções políticas suprapartidárias: Os Veados e Os Caranguejos.

Propaganda de Jornal - 1930
Em 1899, José Bonifácio de Azevedo, João Zuquim de Figueiredo Neves e José Ribeiro Salgado, fundaram na Fazenda Bahia, município do Turvo, a segunda fábrica de manteiga do Brasil, que se intitulou “Fábrica de Manteiga Veado - Azevedo & Cia”, fato que veio alicerçar a alcunha dos adeptos do partido do Coronel José Bonifácio.


Manteiga Viaducto
Lincoln de Azevedo, inspirado pelo sucesso das vendas da Manteiga Veado, produzida por seu pai em MG, resolveu produzir a sua própria manteiga. 


Nascia a famosa Manteiga Viaducto, que foi líder por décadas nos mercados, principalmente, de São Paulo e do Rio de Janeiro entre as décadas de 1910 até a de 1960.
  

Manteiga Aviação

A manteiga Aviação foi criada por um ex-funcionário da Viaducto, em 1920 na cidade de Passos/MG. Os fundadores da empresa foram Antônio Gonçalves, Augusto e Oscar Salles. A conservadora embalagem passou por poucas alterações ao longo de sua história.

A mais significativa foi nos anos 40, quando o desenho de um bimotor foi substituído pelo de um Fokker.


Muitas mudanças ocorreram no mercado consumidor. Desde então, a empresa criou novos produtos, entre os quais destacaria o requeijão de pote e o doce de leite. Excelentes! 

Estilizou ligeiramente seu design, mas manteve as características tradicionais que sempre tranquilizaram o consumidor na hora da compra. A qualidade e o sabor de seus produtos são inegáveis.

Curioso é saber que quando foi criado o nome, a intenção era transmitir a idéia de modernidade e arrojo, e que, hoje, o maior trunfo da Aviação é sua tradição de qualidade.


     post escrito com a colaboração de Maurício Pinto e Silva e Flávio de Azevedo Rezende

Um comentário:

  1. Mauricio Pinto e Silva Eu li no livro do meu tio avô Amir que a fábrica da Fazenda da Bahia foi fundada em 1899. Portanto, a data de 1889 precisa ser corrigida.
    O próprio tio Amir nasceu em 1899 e na hora do parto o seu pai estava inspecionando as obras da fábrica e teve que voltar às pressas.
    Sábado, 20 de Outubro de 2012 às 12:57 via celular · CurtirReply

    Mauricio Pinto e Silva Tio bisavô, na realidade.
    Sábado, 20 de Outubro de 2012 às 12:58 via celular · CurtirReply

    Caito Junqueira Ah! Obrigado, Maurício. Vou corrigir já. 1 abraço.
    segunda, 22 de Outubro de 2012 às 08:47 · CurtirReply

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