Uma Nova Esperança
A teoria da “Jornada do Herói” estudada, em grande parte
desenvolvida e denominada pelo antropólogo americano, Joseph Campbell atesta
que toda cultura, independente de seu nível de desenvolvimento e período no
tempo, alimenta, em algum momento um padrão de lenda ou até mesmo uma história
real sobre um herói relutante que é chamado ao dever de salvar uma pessoa ou
grupo contra um inimigo poderoso.
Se as impressões de Campbell estão corretas, o tempo ainda
dirá, mas é certo que esse padrão é encontrado sempre e que nossa cultura
contemporânea de entretenimento usa e abusa da estrutura apontada por ele.
Grandes escritores, como James Joyce, e produtores de cinema,
como Disney, usaram-na para compor suas obras.
O maior exemplo popular contemporâneo é George Lucas com sua
saga “Guerra nas Estrelas”.
Fui assistir a Guerra nas Estrelas, Uma Nova Esperança, com
minhas primas em 1978, tínhamos algo em torno de 17 ou 18 anos. A turminha era
composta ainda de umas gostosinhas amigas de minhas primas em quem, nós, eu e os
outros meninos, estávamos sempre de olho para uma eventual casquinha no
escurinho do cinema. Pois é! Naquela época não era a moleza de hoje. hahahaha
Mas que casquinha, que nada! A partir do momento em que o
estampido da primeira nota musical da primorosa trilha sonora de John Williams apresentou
o logotipo da série que precedia os letreiros iniciais e rolavam em perspectiva
se afastando da plateia em direção ao infinito do cosmos, os hormônios sexuais de
nossas correntes sanguíneas foram substituídos pela adrenalina estonteante servida
pelo filme.
Embora a estrutura narrativa fosse conhecida, o filme trazia
um delicioso sabor de novidade. Os efeitos especiais eram de última geração. Os
cortes eram muito criativos e a ambientação SIFI inovadora.
O conflito psicológico entre o personagem jovem,
representado por Mark Hamil, um ator até então desconhecido e o personagem
experiente e idoso, representado por Sir Alec Guiness, embalava uma estória
eletrizante de descoberta e superação contra um inimigo poderoso, o Império
Galáctico.Peter Cushing, numa “quasiponta” agrega seu prestígio ao filme
enquanto que Harrison Ford, no papel de Harrison Ford... hahaha... não, quero
dizer, Han Solo, ainda era um nome desconhecido do grande público.
Um fator que me causou curiosidade é o de que o primeiro
filme iniciava a saga pelo capítulo IV, A New Hope, já apontando para a idéia
de que outros filmes existiriam.
George Lucas, de início, planejava fazer nove filmes, mas
por motivos misteriosos diminuiu esse número para 6. Três filmes foram feitos
na primeira fase, os capítulos IV, V e VI. A segunda fase estreou 15 anos
depois entre 2000 e 2005.
Havia leves pitadas de política e uma forte influência das
culturas helênica e oriental. As reviravoltas ao longo da saga lembram
Maquiavel.
Naquela tarde, todos se deram bem. Vidrados desde o primeiro
instante até o final, saímos do cinema meio tontos como se tivéssemos acabado
de passar por um pesadelo extraordinário.
O filme, durante meses, se transformou em pensamento
recorrente. Virei fã. Assisti a todos os outros cinco filmes da série, joguei
quase todos os jogos relacionados, inclusive um tal de “Star Wars: The Old
Republic” que me diverte muito nos dias de hoje. Acho, até, que o filme foi um
dos que me inspiraram a querer trabalhar com cinema no passado.
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