Passamos muitas férias de julho na Baleia. Coisa que para muitos soa estranho.
"Não sei porque, aqui no Brasil, as pessoas resolvem ir para a praia no verão e para a montanha no inverno!" - sempre repetiu meu pai.
De fato, as pessoa buscam o que? Morrer de calor ou congelar de frio? Ou ambos?
O engraçado é que, ao menos no norte ocidental mais desenvolvido do planeta, os turístas fazem exatamente o contrário. No inverno, vão para as áreas mais quentes e no verão buscam os locais mais frios.
Será que nós, de forma cega e lusitana, passamos, como se fosse tradição, a copiá-los sem fazer a devida conversão hemisférica?
O que dizer dos descendentes de uma sociedade que usava sobretudo de cor preta em pleno verão carioca no século 19? "Monkey see, monkey do"?
No final de uma dessas férias de meio de ano, voltávamos para São Paulo e tivemos que desviar para pegar a balsa de Santos. O calor era intenso. Sim, durante o dia, às vezes, faz "calorão" no meio do ano também.
Bateu uma tremenda fome em todos. Éramos cinco mulambentos com roupas de praia no corpo e chinelo de dedo no pé.
"Vamos no Dom Fabrízio?"
Com a maior cara de pau e toda coragem do mundo, entramos com esse trajes improváveis naquele que era, à época, considerado o melhor restaurante do Brasil. O ar condicionado bombava.
O maître engoliu seco e manteve a linha. Fomos servidos como reis do Haiti. A comida, italiana, era espetacular. Nos divertimos à beça com nossas roupas inadequadas para um lugar tão fino.
Foi lá que experimentei pela primeira vez um Ragú à Bolonhesa.
Receita oficial (em italiano) da Academia Italiana de Culinária
(não sei como criar links para traduções do Google, se é que é possível fazê-lo)
Esta me parece quase a mesma:
Embora o número de variações seja significativo, existem pontos comuns característicos da Bolonha para o molho:
- Ausência do alho assim como outras ervas cujo uso se limita a folhas de louro por alguns.
- Os temperos normais são: sal, pimenta e, talvez, uma pitada de noz-moscada.
- Carne(s) como ingrediente principal.
- Tomates, de alguma forma, em proporções (bem) tímidas.
Uma receita menos ortodoxa:
OBS: Não confundir o Molho à Bolonhesa com o Ragu, do qual muito provavelmente descendeu.
Não sei dizer que fim levou o Dom Fabrízio, um restaurante que ficou em minha memória como um dos primeiros ícones da gastronomia brasileira.
Alguém sabe?
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